POSICIONAMENTO SOGESP
São Paulo, 24 de setembro de 2025
POSICIONAMENTO SOGESP
Em um cenário onde a desinformação pode se propagar rapidamente, é crucial que nos mantenhamos firmes nos pilares da evidência científica robusta. Neste contexto, em face de discussões recentes sobre uma possível associação entre o uso de paracetamol (acetaminofeno) durante a gravidez e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) a SOGESP publica esta nota com objetivo de informar aos colegas ginecologistas e obstetras que a evidência científica atual não sustenta uma associação causal robusta entre o uso de paracetamol e o desenvolvimento de autismo. A maioria dos estudos que sugerem essa ligação são de natureza observacional, o que significa que eles não conseguem estabelecer uma relação direta de causa e efeito. Os resultados observados nestes estudos podem ser influenciadas por múltiplos fatores de confusão, como a razão pela qual o paracetamol foi usado, outras condições de saúde da gestante, e fatores genéticos ou ambientais não relacionados.
Até o momento, agências reguladoras e organizações de saúde de renome mundial, como a Food and Drug Administration (FDA) e o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), não alteraram suas recomendações. O paracetamol vem sendo usado há muitos anos como analgésico em gestantes e, como todo medicamento, na gestação, deve ser utilizado somente quando necessário. Até este momento, continua a ser considerado um medicamento seguro e eficaz para o alívio da dor e febre durante a gravidez, quando usado conforme a indicação.
É fundamental que nossa prática clínica continue a ser baseada em evidências sólidas e não em especulações. A interrupção do uso de um medicamento seguro e necessário, como o paracetamol, pode levar a riscos maiores e conhecidos para a gestante e o feto, como febre alta ou dor não controlada, que podem ter consequências adversas.
A SOGESP mantém seu compromisso de informar aos seus associados, com seriedade, isenção e análise científica sobre dados que possam influenciar na saúde do binômio materno fetal.
Rosiane Mattar
Diretora Científica SOGESP
Silvana Maria Quintana
Coordenadora Científica de Obstetrícia SOGESP