Logo SOGESP

#Examina - Atenção à saúde da mulher lésbica

São Paulo, 02 de junho de 2022.

Por Patricia de Rossi 

Mulheres lésbicas são aquelas com orientação sexual homossexual, ou seja, atraídas e que fazem sexo com mulheres (MSM) e correspondem a cerca de 7% da população feminina. A discriminação e o preconceito contra esse grupo podem estar subestimando esse número.

O cuidado à saúde das mulheres lésbicas traz como desafios a falta de informações e o preconceito de médicos e demais profissionais envolvidos nos atendimentos. O desconhecimento e despreparo podem afastar a mulher dos serviços de saúde e, consequentemente, prejudicar o rastreamento e o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis e do câncer ginecológico.

Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Atualmente, o termo IST é usado ao invés de DST (Doença Sexualmente Transmissível) porque pode haver infecção sem sintomas (ou seja, sem caracterizar uma doença) e mesmo assim poder ser transmitida por via sexual.

Existe um mito de que as mulheres lésbicas estariam protegidas contra as ISTs devido a uma crença de que somente sexo com penetração poderia transmitir essas infecções. Os estudos mostram, porém, um panorama diferente: uma pesquisa feita na Faculdade de Medicina de Botucatu em 2017 que avaliou 150 MSM encontrou uma porcentagem significativa de ISTs. Foi diagnosticada pelo menos uma IST em 47,3% das mulheres – HPV, clamídia, gonorreia, HIV, hepatite B, sífilis ou tricomoníase.[1]

Assim, o primeiro passo na prevenção de ISTs é informar que a transmissão também é possível por outras formas de contato: sexo oral, contato entre mucosas (entre órgãos genitais), uso de brinquedos sexuais e pelo sangue. Por exemplo, verrugas genitais (condiloma, infecção por alguns tipos de HPV de baixo grau) são transmitidas por contato direto de mucosas. O mesmo vale para herpes e sífilis – que também podem ser transmitidas por sexo oral – e HIV.

Em segundo lugar, o uso de métodos que criem uma barreira ao contato direto são importantes fatores de proteção. Apesar de não haver alternativas desenvolvidas para a população lésbica, algumas medidas podem ser tomadas: usar preservativo em dildos (vibradores, ‘consolos’), trocando toda vez que a parceira for usar; vestir luvas para proteger os dedos, especialmente se estiverem com algum machucado, e barreiras para o sexo oral – plástico filme, camisinha cortada ou dental dam (um tipo de quadradinho de látex usado por dentistas para isolar dentes).

Vacinação contra HPV e hepatites A e B são outras medidas recomendadas para evitar o contágio dessas infecções. A chamada “troca de exames” (mostrar resultados de exames de ISTs para a parceira) e a inspeção visual atenta a lesões podem ser combinadas entre as mulheres, aumentando a segurança para ambas.

Rastreamento de câncer

A rotina de rastreamento de câncer ginecológico independe da orientação sexual da mulher. Além de avaliação clínica anual, são recomendados os seguintes exames:

Câncer de mama: mamografia anual dos 40 aos 74 anos de idade. Se a mulher tiver risco aumentado para câncer de mama (por exemplo, mãe, filha ou irmã com câncer), o rastreamento pode ser realizado mais precocemente ou com maior frequência, a depender da necessidade avaliada pelo médico

Câncer de colo do útero: é feito pela colpocitologia oncológica (exame de Papanicolaou). Aqui há um detalhe importante: o rastreamento não é indicado em mulheres virgens (que nunca tiveram relação sexual com penetração. Para as demais, independe das práticas sexuais atuais e segue as mesmas recomendações para a população geral de mulheres: primeiro exame aos 25 anos, repetir após um ano; se os dois resultados forem negativos para neoplasia (câncer), o intervalo é ampliado para três anos. O rastreamento é encerrado aos 64 anos, desde que haja dois exames consecutivos negativos nos últimos cinco anos. Mulheres com imunossupressão devem iniciar o rastreamento após o início da atividade sexual, com frequência anual ou semestral a depender de características clínicas específicas.

[1] Andrade J. Vulnerabilidade de mulheres que fazem sexo com mulheres que fazem sexo com mulheres às infecções sexualmente transmissíveis. Tese de Doutorado, Faculdade de Medicina de Botucatu, 2017.

Próximos eventos
Local : Clínica e Diagnóstico Christovão da Gama – Rua Guilherme Marconi, 440 – Cobertura Vila Assunção – Santo André/SP

Local : Online Instagram e YouTube

Local : Hospital Iamada - R. Cassemiro Boscoli 236, piso -1, Jardim Icaray, Pres. Prudente

Local : Faculdade UNOESTE - Campus Guarujá - Rua Albertino Pedro, 75 - Enseada - Guarujá/SP