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#Examina - Anticoncepção no pós-parto

25 de abril de 2022.

Anderson Pinheiro

O período pós-parto, que chamamos de puerpério, é marcado por diversas mudanças no corpo feminino. Fisicamente, a mulher tende a retornar ao padrão que apresentava antes da gravidez. Psicologicamente, vemos momento de transformação, no qual nasce juntamente com a criança uma mãe, a qual deverá compreender e aprender sobre as mudanças na sua rotina e nos cuidados do recém-nascido. Muitas vezes, essas mudanças são desafiadoras, mas com orientação, cuidado e uma rede de apoio, as mulheres tendem a passar por esse período com certa facilidade.

Nessa fase, outro aspecto muito importante está inserido: o aleitamento materno. Há mulheres e recém-nascidos que praticam o aleitamento materno exclusivo de livre demanda, ou seja, toda vez que o bebê solicita ele é amamentado. Outros binômios (mãe e bebê) fazem o que chamamos de aleitamento materno misto, ou seja, a criança recebe leite materno, mas é oferecido complementação com leite não materno. E finalmente há aqueles binômios que por algum motivo, seja orgânico ou não, não realizam aleitamento materno.

No período pós-parto também é comum a retomada da atividade sexual. E neste ponto que precisamos pensar na anticoncepção. Porém, como é uma fase especial da vida da mulher, a anticoncepção também tem algumas particularidades.

Aqui vale ressaltar que iremos citar alguns métodos anticoncepcionais, mas isso não quer dizer que eles sejam indicados para todas as mulheres no pós-parto. É necessária uma consulta com o ginecologista para avaliação do melhor método conforme história pregressa, patologias associadas, e, principalmente para avaliação se há alguma contraindicação a qualquer um dos métodos.

Em geral, mulheres em aleitamento materno exclusivo em livre demanda são anovuladoras, ou seja, não liberam óvulos e, portanto, não poderiam engravidar. No entanto, a vida real mostra que nem sempre consegue-se garantir a livre demanda por muito tempo. Há casos em que as mulheres retornam ao trabalho, há episódios em que o recém-nascido precisa de alguma internação ou apresenta alguma infecção, o que faz com que as mamadas fiquem mais afastadas; e, não podemos esquecer também da introdução alimentar na vida do bebê. Tudo isso e muito mais faz com que o aleitamento materno em livre demanda não deva ser usado como único método contraceptivo, pelo risco de falha.

Para mulheres que estão em aleitamento materno, há alguns métodos considerados mais apropriados por não atrapalharem o aleitamento e por não causarem risco para o bebê. Dentre eles podemos citar:

  • Métodos de barreira: preservativos masculino e feminino e o diafragma;
  • Dispositivo intrauterino – os DIUs: todos os tipos, hormonais ou não hormonais;
  • Pílula de progesterona de uso contínuo;
  • Injeção de progesterona trimestral;
  • Implante subdérmico de Etonogestrel;

E quando deve ser iniciado o uso?

Geralmente agendamos uma consulta de revisão 6 semanas após o parto. Nessa consulta, além de avaliar a situação física e emocional da nova mãe e realização de exame físico, discute-se qual método anticoncepcional corresponde às expectativas e desejos do casal. Portanto, seis semanas pós-parto já podem ser iniciados os métodos citados acima.

Há situações em que os métodos podem ser iniciados antes de 6 semanas. São elas:

  • Os DIUs podem ser inseridos em até 48 horas pós-parto. Nesse caso apresentam maior chance de expulsão (até 30% dos casos). Ou, podem ser inseridos após 4 semanas do parto.

  • A pílula de progesterona de uso contínuo e o implante subdérmico de Etonogestrel também podem ser iniciados antes de 6 semanas do pós-parto.

Agora, para mulheres que NÃO estão amamentando, podemos escolher além dos métodos acima citados, os que contém estrógeno e progesterona na sua formulação. Esses métodos são:

  • pílulas combinadas
  • injeção mensal
  • anel vaginal
  • adesivo.

Devem ser iniciados pelo menos 21 dias após o parto, mas preferencialmente após 6 semanas.

Já as mulheres que estão amamentado há mais de 6 meses podem usar métodos que contêm estrógeno e progesterona (pílulas combinadas, injeção mensal, anel vaginal e o adesivo). Mas, se estiverem bem adaptadas ao método usado antes do 6º mês de pós-parto, nada as impede de continuar usando após esse período, já que são seguros durante e fora do período de aleitamento.

 

Referências

WHO recommendations on maternal and newborn care for a positive postnatal experience. World Health Organization. 2022. Available at: https://www.who.int/publications/i/item/9789240045989

Kraft MBPL, Miadaira M, Marangoni M Júnior, Juliato CRT, Surita FG. Postplacental Placement of Intrauterine Devices: Acceptability, Reasons for Refusal and Proposals to Increase its Use. Rev Bras Ginecol Obstet. 2021 Mar;43(3):172-177. English. doi: 10.1055/s-0041-1725053. Epub 2021 Apr 15. PMID: 33860500.

Borovac-Pinheiro A, Jesus EAR, Surita FG. Empowering Adolescent Mothers in the Choice of Contraceptive Methods at the Postpartum Period: Avoiding a Subsequent Pregnancy. Rev Bras Ginecol Obstet. 2019 Oct;41(10):607-612. English. doi: 10.1055/s-0039-1697985. Epub 2019 Oct 28. PMID: 31658488.

 

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